A palavra e o som residem na canção
Na harmonia das baladas imortais
No picadeiro do meu circo
De emoções
Me equilibro em minha voz,
Nas minhas cordas vocais
Todavia Deus me fez
Palavra e som
Deu-me a voz,
Deu-me esse dom
E a missão de um sabiá
Brasileiro é a minha profissão,
Sou cigarra da canção
Que só vive pra cantar
Amo o meu país!
Por isso aprenderei
O som dos sabiás!
Esquinas são vocês,
Quintanas são quintais…
Todavia Deus me fez
Palavra e som
Deu-me a voz,
Deu-me esse dom
E a missão de um sabiá
Brasileiro é a minha profissão,
Sou cigarra da canção
Que só vive pra cantar
E a praça e o Brasil
São de vocês,
Dos poetas,
E homens de bem
Meu coração
É escravo das bahias,
Das gerais,
Dos quintanas, dos quintais,
Das esquinas da nação
Amo o meu país!
Por isso aprenderei
O som dos sabiás,
Esquinas são vocês,
Quintanas são quintais…
Todavia Deus me fez
Palavra e som
Deu-me a voz,
Deu-me esse dom
E a missão de um sabiá
Brasileiro é a minha profissão,
Sou cigarra da canção
Que só vive pra cantar
Amo meu país…
Amo meu país
Amo meu país!
Altay Veloso/Paulo César Feital
Na minha cidade tem poetas, poetas
Que chegam sem tambores nem trombetas
Trombetas e sempre aparecem quando
Menos aguardados, guardados, guardados
Entre livros e sapatos, em baús empoeirados
Saem de recônditos lugares, nos ares, nos ares
Onde vivem com seus pares, seus pares
Seus pares e convivem com fantasmas
Multicores de cores, de cores
Que te pintam as olheiras
E te pedem que não chores
Suas ilusões são repartidas, partidas
Partidas entre mortos e feridas, feridas
Feridas mas resistem com palavras
Confundidas, fundidas, fundidas
Ao seu triste passo lento
Pelas ruas e avenidas
Não desejam glorias nem medalhas, medalhas
Medalhas, se contentam
Com migalhas, migalhas, migalhas
De canções e brincadeiras com seus
Versos dispersos, dispersos
Obcecados pela busca de tesouros submersos
Fazem quatrocentos mil projetos
Projetos, projetos, que jamais são
Alcançados, cansados, cansados nada disso
Importa enquanto eles escrevem, escrevem
Escrevem o que sabem que não sabem
E o que dizem que não devem
Andam pelas ruas os poetas, poetas, poetas
Como se fossem cometas, cometas, cometas
Num estranho céu de estrelas idiotas
E outras e outras
Cujo brilho sem barulho
Veste suas caudas tortas
Na minha cidade tem canetas, canetas, canetas
Esvaindo-se em milhares, milhares, milhares
De palavras retrocedendo-se confusas, confusas
Confusas, em delgados guardanapos
Feito moscas inconclusas
Andam pelas ruas escrevendo e vendo e vendo
Que eles vêem nos vão dizendo, dizendo
E sendo eles poetas de verdade
Enquanto espiam e piram e piram
Não se cansam de falar
Do que eles juram que não viram
Olham para o céu esses poetas, poetas, poetas
Como se fossem lunetas, lunetas, lunáticas
Lançadas ao espaço e ao mundo inteiro
Inteiro, inteiro, fossem vendo pra
Depois voltar pro Rio de Janeiro
Bromes y Servilletas
(Leo Masliah/Vers: Carlos Snadroni)
Quando a voz escondida no vento resolve cantar
Quando o verso embrulhado nas ondas aprende a dizer
Quando a estrela cadente no céu faz clarão na cidade
O poeta que vê, sob a luz já se prostra
Tanta cruz, tanta desarmonia no mundo a gritar
E o poeta com a luz recebida prepara o altar
E no rito que bem-aventura a palavra consola
Tira o peso da cruz, solidão vai embora
Toda vez que a divina palavra na voz tão humana
Se traduz, se revela, nos canta e bendiz
Alinhava este chão ao seu céu
Faz bordado nas almas dos réus
Põe caminhos nos pés dos que antes não tinham aonde ir
Toda vez que o dourado do céu cai na prata da história
E o mistério se deixa mostrar nos caminhos da voz
Faz profeta, o poeta e cantor
Da palavra faz gesto de amor
E polvilha de luz o caminho pra quem nele for
Toda vez que o profano recebe no ventre da alma
A beleza da arte que em Deus tem raiz
O divino nos desce do céu
Sobre o mundo derrama o seu véu
E a beleza rendilha os caminhos, nos põe noutra luz
Quando a dor no secreto do mundo consegue falar
Quando o algoz alojado nas sombras aprende a dizer
Quando a morte nas tramas da vida nos rouba a palavra
O artista que vê pede a Deus a resposta
E num misto de luz e penumbra se põe a buscar
A resposta que nunca responde mas faz prosseguir
E na arte que reza sem voz todo artista tempera
A dureza do chão com esperanças eternas
Padre Fábio de Melo
Vendedor de sonhos
Tenho a profissão viajante
De caixeiro que traz na bagagem
Repertório de vida e canções
E de esperança
Mais teimoso que uma criança
Eu invado os quartos, as salas
As janelas, e os corações
Frases eu invento
Elas voam sem rumo no vento
Procurando um lugar e momento
Onde alguém também queira canta-las
Vendo os meus sonhos
E em troca da fé no volante
Quero ter no final da viagem
Um caminho de pedra feliz
Tantos anos contados a história
De amor ao lugar que nasci
Tantos anos cantando meu tempo
Minha gente de fé, me sorri
Tantos anos de voz nas estradas
Tantos sonhos que eu já vivi
Milton Nascimento/ Fernando Brant
Quando a beleza reza as suas liturgias
Tudo é bonito até a dor em nos sangrar
Sagrando a terra o sagrado nos desperta
E põe nos olhos do mundo o seu olhar
Perdi minha frágil condição da criatura
Doce sutura me alcançando o coração
Lavra meus sonhos me semeia de esperanças
E configura o meu amor ao seu amar
E assim vou sendo eu querendo ser bem mais
Naquele que me faz ser ele outra vez
E assim sou o que sou naquilo que ele é
Mistério que me tráz o ausente sempre em mim
Quando o seu corpo se mistura no meu corpo
Não se confundem as distintas condições
O sempre outro em seus braços me recebe
Retorno ao rudi da beleza original
Retiro o exesso que ofusca a semelhança
Feito criança põe minh’alma pra dançar
Leva-me ao colo me apresenta o paraíso
Em meio ao riso me ensina o verbo amar
E assim vou sendo eu querendo ser bem mais
Naquele que me faz ser ele outra vez
E assim sou o que sou naquilo que ele é
Mistério que me tráz o ausente sempre em mim
Quando a tristeza se apodera da minh’alma
Com voz tão calma me assegura estar alí
Se nas estradas nas procuras não me acho
Vem no silêncio me conduz com terna luz
Quando as estrófes da minha vida andam tristes
Vem supreender-me com a luz do seu refrão
Sobre as palavras imperfeitas que eu possuo
Ele derrama o dom da sua perfeição
E assim vou sendo eu querendo ser bem mais
Naquele que me faz ser ele outra vez
E assim sou o que sou naquilo que ele é
Mistério que me tráz o ausente sempre em mim
Se no silêncio da minh’alma moram versos
Todo universo nasce do seu coração
Se com palavra a beleza adjetivo
Toda bondade nele encontra seu motivo
Trago na alma as marcas desta parceria
Ele no céu e eu aqui tão preso ao chão
Sou seu poeta ele é minha poesia
Eu não existo sem a sua inspiração
E assim vou sendo eu querendo ser bem mais
Naquele que me faz ser ele outra vez
E assim sou o que sou naquilo que ele é
Mistério que me trás o ausente sempre em mim
Padre Fábio de Melo
Deus mora em mim
Neste aqui onde em mim não sei
Neste ali tão de mim sem lei
Mora aonde eu não sei chegar
Falando em mim
Diz sem mim usa a minha voz
Mas por mim fala um outro a sós
No mistério de sermos nós
Quem desejar compreendê-lo
Queira por hora esquecê-lo
Queria abrir mão do que dele ouviu
Queira esquecer o que dele viu
Queria enfrentar o desconforto
Queria entrar no mar revolto
No sempre oculto no seu mistério
Só pra encontrar o dele é só seu
Deus mora em mim
Neste aqui onde em mim não sei
Neste ali tão de mim sem lei
Mora aonde eu não sei chegar
Falando em mim
Diz sem mim usa a minha voz
Mas por mim fala um outro a sós
No mistério de sermos nós
Quem desejar compreendê-lo
Queira por hora esquecê-lo
Queria abrir mão do que dele ouviu
Queira esquecer o que dele viu
Queria enfrentar o desconforto
Queria entrar no mar revolto
No sempre oculto no seu mistério
Só pra encontrar o dele é só seu
Só pra encontrar o dele é só seu
Pe. Fábio de Melo
Maria cheia de raça
não teve de graça o que recebeu
Quando alguém é um rio que gera um oceano
Não há nenhum tirano que arranque o que é seu
Um ventre quando se transforma em um santuário
é revolucionário ao meu modo de ver
Ninguém vai do parto ao santo sudário
sem saber porque
Tem que ter a luz da humildade
Cumplicidade, amor e revelia
Ninguém se torna mãe da cristandade
sem a santa ousadia
Olhos que velaram pelo sono de Adonai
Clareai o mundo, mãe, iluminai
Cada vez que um de nós se vê tentado
pela insana covardia
Divina mãe
Estrela luminosa que perpetuou Belém
Guerreira mãe
Nos dias de trevas nas ruas de Jerusalém
Olhai por nós
Nas horas de tristezas, nos momentos de aflição
E derramai
A poderosa força de vontade em nosso coração
Altay Veloso
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura fingi que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo, o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber a vida é tão rara, tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei a vida não para, a vida não para não
Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber a vida é tão rara, tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei a vida não para, a vida não para não
A vida não para e é tão rara
A vida não para a vida é tão rara
A vida não para
Lenine/Dudu Falcão
Diz adeus
A tudo diz adeus
Desfaz a cena, o cais, desata o tempo
E a nos sorrir
Nos diz que vai partir
E que não voltará
Nunca mais
Diz adeus
A vida diz adeus
Faz a bagagem sem pensar em nós
E tudo o que viceja desverdece e diz
Também
Diz adeus, adeus
Vai sem mim
E põe em tudo um fim
Um descaminho e a sós desaconteço
Deixei de ser
Quem ontem fui e agora me despedirei de quem sou
Digo adeus
Vivendo eu digo adeus
Termino em tudo o que me faz viver
E em cada despedida eu me renovo e volto a ser
Ser adeus
Adeus!
Padre Fábio de Melo/ Cristovão Bastos
Quebra o silêncio no mudo perdão da minha voz
Dissolve a mágoa, expulsa os resquícios da dor
Abre as janelas, expõe toda sombra ao sol
Se essa tormenta que o erro de ontem deixou
Destranca o amor, a esperança, a saudade, o sorriso
Rompe as cadeias dos ódios passados sentidos
Despensa as culpas, resguarda o amor que valeu
Que a vida é tão breve e o tempo não espera ninguém
Que o tempo não espera ninguém
Que o tempo não espera ninguém
No rio das graças mergulho a maldade que há
Ateia a bandeira, demarca o que é seu sob o céu
Recruta os sonhos que sonhos nos fazem viver
Cumpre a promessa de não desistir sem tentar
Rompe as barreiras elas dedicadas a vida
Parar as mazelas e o peso do dia deixou
Olhar altivo mas no coração cê é menino
Que a vida é tão breve e o tempo não espera ninguém
Que o tempo não espera ninguém
Que o tempo não espera ninguém
Linda e doída, menina por vezes mulher
Mãe ou carrasca, depende do humor que vier
Sábia e bondosa, açoita e aconchega depois
Drama as tristezas, mas tece alegrias também
Vida que chama, e que canta, e que chora, e que grita
Que serve a mesa, e oferece o banquete aos famintos
Que planta as mortas, que geram memórias bonitas
Que dita essa regra que o tempo não espera ninguém
Que o tempo não espera ninguém
Que o tempo não espera ninguém
Espera ninguém
Que o tempo não espera ninguém
Que o tempo não espera ninguém
Que o tempo não espera
Que o tempo não espera ninguém
Que o tempo não espera ninguém
Padre Fábio de Melo
Eu na mira mirando a noite
Revirado no seu açoite, a solidão
Eu mirando a mina dos ventos
Dominado por seus tormentos e moinhos
Eu menino tornado adulto
Transtornado pedindo indulto, o cobertor
Eu poeta implorando versos
Desvendando esse universo tão sozinho
Eu no impasse de ser pessoa
Implorando que outra pessoa me conduza
Eu na mira da solidão…
Eu no rastro da procissão querendo rumo.
Vou no claro ou na escuridão
Vou seguindo o meu coração onde ele for.
No seguro da mamadeira
Ou no perigo ribanceira eu sou um só
Uma parte de mim reclama
Outra parte me põe na cama e faz carinho
Eu na prosa querendo verso
Ou na rosa do amor confesso, a cicatriz
Eu movendo o berço do mundo
Ou misturado no que é imundo
Eu quero a vida!
Padre Fábio de Melo
Sabe o que eu queria agora, Meu bem…
Sair chegar lá fora
E encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também
Que me oferecesse um colo,
Um ombro
Onde eu desaguasse todo Desengano
Mas a vida anda louca
As pessoas andam tristes
Meus amigos são amigos de ninguém
Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior
Do meu interior
Pra entender porque se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem,
Se combatem sem saber
Meu amor…
Deixa eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir
Minha dor
Eu não consigo compreender
Eu quero algo pra beber
Me deixe aqui pode sair
Adeus!
Wander Lee
Olha moço
Viva muito
E ainda sonhe, por que não?
De menino trago o intuito
E o mesmo coração
Com certeza sempre trouxe
A mesma voz e o mesmo olhar
Desde cedo feito homem
Desde nunca
O resmungar
Olha moço meu sorriso
Nasceu forte e não mudou
Nem com a mais
Séria das fainas
Que às vezes Deus
Não foi quem deu
Olha a vida é o que sinto
Não o que me foi negado
Bem mais vale ter em mente
Ser menino e ser amado
Bem mais vale ter em mente
Ser menino e ser amado
E as imagens na memória
Vão passando diz: Perdoe!
Esse caco velho, simples
Ser um pouco o que já foi
Sem mudanças repentinas
Sem tardanças no trabalho
Mãos calosas, alimento
Teto, carinho e agasalho
Olha moço o meu sorriso
Nasceu forte e não mudou
Nem com a mais
Séria das fainas
Que às vezes Deus
Não foi quem deu
Olha a vida é o que sinto
Não o que me foi negado
Bem mais vale ter em mente
Ser menino e ser amado
Bem mais vale ter em mente
Ser menino e ser amado
Bem mais vale ter em mente
Ser menino e ser amado
Zé Caradípia
Quando uma estrela cai
No escurão da noite
E um violeiro toca suas mágoas
Então os ‘zóio’ dos bichos
Vão ficando iluminados
Rebrilham neles estrelas
De um sertão enluarado
Quando um amor termina
Perdido numa esquina
E um violeiro toca sua sina
Então os ‘zóio’ dos bichos
Vão ficando entristecidos
Rebrilham neles lembranças
Dos amores esquecidos
Quando um amor começa
Nossa alegria chama
E um violeiro toca em nossa cama
Então os ‘zóio’ dos bichos
São os olhos de quem ama
Pois a natureza é isso
Sem medo, nem dó,
Nem drama…
Tudo é sertão, tudo é paixão
Se o violeiro toca
A viola, e o violeiro
E o amor se tocam
Renato Teixeira/ Almir Sater
Não sou perfeito
Estou ainda sendo feito
E por ter muito defeito
Vivo em constante construção
Sou raro efeito
Não sou causa e a respeito
Da raiz que me fez fruto
Desfruto a divina condição
Em noites de céu apagado
Desenho as estrelas no chão
Em noites de céu estrelado
Eu pego as estrelas com a mão
E quando a agonia
Cruza a estrada
Eu peço pra Deus
Me dar Sua mão
Sou seresteiro
Sou poeta, sou romeiro
Com palavra, amor primeiro
Vou rabiscando o coração
Vou pela rua
Minha alma às vezes nua
De joelhos peço ao tempo
A ponta do seu cobertor
Em noites de céu apagado
Desenho as estrelas no chão
Em noites de céu estrelado
Eu pego as estrelas com a mão
E quando a agonia
Cruza a estrada
Eu peço pra Deus
Me dar Sua mão
Vou pelo mundo
Cruzo estradas num segundo
Mundo imenso, vasto e fundo
Todo alojado em meu olhar
Sou retirante
Sou ao rio semelhante
Se me barram, aprofundo
Depois vou buscar
Outro lugar
Em noites de céu apagado
Desenho as estrelas no chão
Em noites de céu estrelado
Eu pego as estrelas com a mão
E quando a agonia
Cruza a estrada
Eu peço pra Deus
Me dar Sua mão
Padre Fábio de Melo
Na dor da peleja há luz
No riso tem lágrima
No adeus da saudade a voz que promete
Que em breve vai regressar
Na fé que eu já sei de cor
Tem dor que eu não sei rezar
Há verbo que adjetiva
Sujeito imperfeito amar
Nos dias que o tempo leva
Memórias que vão chegar
No avesso que não se mostra
Segredos pra se levar
Nem toda reza é santa
Nem todo escuro é breu
Nem toda beleza encanta
Nem tudo o que tenho é meu
Nem todo amor nos ama
Nem todo ateu sem Deus
Nem tudo que é não nos nega
Nem tudo o que sou é meu
No chão do sertão tem mar
A espera de renascer
No olhar sertanejo a sede de chuva
É grito que clama aos céus
Na dor que eu já sei de cor
Na fé que não tem razão
Tem vértice no horizonte
Perfeita contradição
Padre Fábio de Melo
Escondido na palavra
Revelado no silêncio
Distribui a sua graça
Num amigo que me abraça
Deus me ama e me defende
Ilumina o meu caminho
Com a lanterna de um menino
Dá sentido á minha vida
Quando um verso me convida
Desenhar uma canção
Vem ver Deus vivendo entre nós
Passeando nunca a sós
Em humanos corações ele está
Nestes altares de gente e de flor
Sente e conhece a nossa dor
Vem crer que o mistério dessa fé
Põe sapato em nosso pé
Quando a estrada for doída demais
No breu da tristeza ou da solidão
Na mão de um amigo está sua mão
Vem ver todo amor remediar
Remediar
O rancor fazer a mala e partir
Ver a maldade perder e ruir
No gesto que abraça e faz sorrir
Me faz cantar lailaaialaia
Que me abraça e faz cantar
Padre Fábio de Melo
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente
Um sol bem quente
Lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade,
Alegria e Amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem
Ser coisa normal
Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade,
Alegria e Amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem
Ser coisa normal
Bola de meia, bola de gude
O solitário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
o menino me dá a mão
Milton Nascimento/Fernando Brant
Eu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita…
Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz…
Ah meu Deus! Eu sei,
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita: E É bonita, é bonita, e é bonita…
Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz…
Ah meu Deus! Eu sei,
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita: E É bonita, é bonita, e é bonita…
E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida de um coração
Ela é uma doce ilusão
Hê! Hô!…
Mas e a vida?
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão…
Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo…
Há quem diga
Que a vida é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor…
Você diz que é luxo e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer…
Eu só sei que acredito na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser…
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte…
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita…
Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz…
Ah meu Deus! Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita: É bonita, é bonita, e é bonita…
Dominguinhos/Luiz Gonzaga/Gonzaguinha